Mittwoch, 19. September 2007

ops

O mundo deve ser dividido entre pessoas que conseguem e as que não conseguem manter um blog por mais de uma semana. Minhas desculpas por ter chamado a atenção de vocês apesar de saber que eu não faço parte do primeiro grupo. E meu álibi não tem nada de especial: eu estive ocupada. Minhas desculpas por ter deixado os recados sem ler nem responder. Que isso não se repita.

Sonntag, 22. April 2007

lost in translation

Já faz mais de dois meses que eu estou em país estrangeiro. As alegrias à parte, que hoje eu vou falar de tragédia.

Faz dois meses que eu cheguei e imediatamente comecei, sem nenhum aviso, a me perder sem controle: a deixar pelo caminho uns pedaços meus que eu não consigo traduzir para os outros de jeito nenhum. Se isto é mesmo trágico como me parece, e não deve ser, é porque os pedaços mais difíceis são muitas vezes os pedaços que mais definem uma pessoa - como cumprimentar se apresentar entrar sentar na roda beber cerveja comer pizza e dar risada.
Aqui, a língua nova só me faz gaguejar pensando na gramática correta, e todo mundo precisa de alguma naturalidade para se... ser. E até agora, eu ainda não tive tempo/coragem de voltar para procurar os meus trechos perdidos, para tentar recuperar aquele meu jeito de sempre de contar conhecer conversar - e de tantos mais outros verbos que eu, nesta língua, só aprendi a conjugar.
E eu tenho três medos. Um: de de repente me ver não sabendo mais ser uma pessoa, por ter passado tanto tempo assim sem nenhuma tradução. Dois: de que alguém um dia desses me busque em uma versão livre qualquer e encontre uma pessoa ainda pior do que eu, e me odeie por isso. Três: de que ninguém sequer tente me traduzir por além destas minhas aparências - o que seria ainda mais terrível do que não saber ser uma pessoa e ser uma pessoa pior (?).
Mas ao mesmo tempo persiste na minha lembrança a idéia muito clara do tempo recente em que eu não estava em país estrangeiro: todos os países são estrangeiros. Todos estamos - sempre - em parte ou completamente perdidos em alguma tentativa fracassada de comunicação. Tudo interpreta tudo, e em nenhum momento desde que chegamos ao mundo nós deixamos de ser o desejo, a necessidade ou o próprio reflexo de alguém.

Nós estamos sempre perdidos, porque nunca somos nós mesmos.

(E que venham as alegrias!)